Deus abriu as portas e eu mal podia acreditar que estava a um passo de pisar o Brasil - lugar que até então só via na TV novo tempo que muito assistia em Angola. Meu coração batia forte demais, realmente mal podia acreditar. Não tinha dinheiro para as passagens, mas Deus usou alguém que me ofereceu mil dólares. Quando recebi esse valor quase que enlouqueci (era muita grana em minhas mãos)! Mas como queria ir ao Brasil e não enlouquecer, me encontrei com meu amigo Júlio, o outro missionário que viajaria comigo, e fomos juntos comprar nossas passagens aéreas na TAAG (linhas aéreas de Angola).
Após a compra das passagens, minha ansiedade SÓ aumentou, talvez porque era dia 7 de março e a viagem só aconteceria no dia 24 de do mesmo mês. O que significava que teria que esperar muito! O objetivo de minha viagem era uma formação missionária que levaria cerca de 2 anos. Eu estava empolgado, não somente pelo que iria aprender sobre missão e trabalhar com pessoas, comunidades e igrejas. Mas queria também saber como era o brasil estando no Brasil.
Mil anos depois, chegou o dia D! Era 24 de Março, lembro como se fosse hoje. Acordei cedinho, ou melhor, não acordei porque passei aquela noite acordado, tentei, mas a empolgação tirou-me o sono. Tomei um banho, me troquei e após pegar as malas e me despedir dos meus irmãos, saí com minha mãe e minha irmã mais velha que me acompanharam até ao aeroporto em Luanda - capital de Angola. Lá me encontrei com o Júlio que iria viajar comigo pra mesma missão.
No aeroporto, beijei minha mãe e minha irmã. Enquanto minha mãe segurava as lágrimas pra não chorar e com isso me deixar triste, minha irmã mais velha deixou as lágrimas escorrendo mesmo. Abracei as duas enquanto o Júlio fazia o mesmo com seus familiares.
Feito o check- in, era hora de bazar ( isso quer dizer partir). Antes de sair do aeroporto, já estava morrendo de saudade de minha mãe. Mas, tive que deixá-la e partir. Ainda bem que um dia nunca mais vamos nos separar (Apocalipse 21:1 - 4).
Eram 10 horas e 30 minutos do dia 24 de março de 2014, quando o avião começou a decolar, deixando o solo angolano. Era um dia lindo, o sol clareava de forma magnífica a cidade de Luanda, e eu estava pela primeira vez em um avião, rumo a uma terra desconhecida com propósitos missionários. Como era a primeira vez viajando para fora do país, a empolgação e alegria me distraíram um pouco que até esqueci de casa. Mas…
Ao chegar ao Brasil, os problemas começaram. Foi anunciado que deveríamos colocar os cintos para a aterrissagem, coloquei o cinto enquanto me maravilhei contemplando a estátua do Cristo Redentor - estou no Brasil! Falei para mim mesmo. Meu amigo Júlio também estava feliz da vida, mas não podia festejar muito, pois a viagem de 8 horas sem conexão (não há como fazer conexão atravessando o oceano atlântico), o deixou com muita dor de cabeça.
Minutos depois eu estava no aeroporto de Galeão no Rio de Janeiro. Depois de passar pela imigração e apresentar toda documentação em ordem à Polícia Federal, tive o acesso livre ao Brasil. Neste momento eram 15 horas no Rio de Janeiro, e em Angola eram 20 horas, minha família estava se preparando para dormir. Meu amigo Júlio comprou um chip lá mesmo no aeroporto, este chip era de chamadas internacionais, e ligamos pra casa. Primeiro ele, e em seguida eu: “mãe, cheguei” - falei logo que ela atendeu o celular!
Depois de avisarmos aos nossos familiares que havíamos chegado em segurança, percebemos que estávamos com muitaaaa fome. Pois a última vez que comemos de verdade, para além da comida do avião, foi em nossas casas antes das 10 da manhã. E agora já eram 3 da tarde. Sem dizer que teria que ficar no aeroporto e o meu próximo voo só partiria às 22 horas rumo ao meu destino final - Pernambuco.
O aeroporto estava muito cheio, e era muito grande em relação ao de Angola, lá em Luanda! Nunca na minha vida vi tanta gente branca junta… hehehe. Porém, meu problema era outro: o que comprar pra comer? Antes da viagem, estudei muito sobre o brasil e até li um livro O Passaporte para a Missão, onde falava sobre como viver em outra cultura, e tal. Mas, percebi que me havia esquecido de estudar sobre alimentação. E como adventista, e seguidor da Bíblia, teria que comprar algo que não contivesse animais ou coisa imunda (Levítico 11 fala disso). Mas o que seria?
Havia muita coisa pra comer, tinha restaurantes no aeroporto e etc, mas como tinha vergonha de perguntar, fiquei com fome, até que meu amigo Julio arriscou e comprou um negócio que até hoje eu não sei o que era (ele perguntou e a mulher disse que era sem carne imunda)! Parecia com coxinha,mas não. O era tão ruim, que assim que provamos, cuspimos fora! Após colocarmos toda a comida no caixote de lixo do aeroporto, tomamos água, nos sentamos e ficamos vendo sermões no computador do Julio até as 22 horas, horário em que viajamos para Pernambuco.
Lá em Pernambuco, os problemas aumentaram-choques culturais e a dificuldade em provar ou habituar o paladar com frutas estranhas. Ainda lembro do problema que tive com a jaca! Mas tudo isso vou contar nos próximos pôsteres. Fique ligado!
Vai viajar? Estude sobre tudo sobre o país onde vai. E a dica de minha mãe, mas que não cumpri por vergonha: NÃO TENHA VERGONHA DE PERGUNTAR! Hoje, após quase 4 anos, fico pensando, e se naquele dia de fome conhecesse o SUBWAY e os seus pães veganos...
Que relato emocionante! É bom esse tipo de post porque através deles nós, leitores, temos a possibilidade de conhecer mais a respeito do dono do blog. Isso sem dúvida gera empatia!
ResponderEliminarPois é, Bia! Então, esse é o dono do blog...hehe
Eliminarseja bem vinda ao. Fico feliz por seu comment e ansioso para fazermos mil parcerias. Vou agora mesmo colocar o seu blo aqui entre os blogs que recomendo.